sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Banalidade comparar

Em um chão gelado a pele fria pelo contato, minha mente outra vez cheio de audácia e perversidade, imagina sua roupa espalhada pelo quarto. Cama bagunçada (um pouco molhada de suor), sua pele macia ( um pouco rígida, efeito do vento que invade pela janela, deixando-a arrepiada), seu belo cabelo sem um lugar certo (pois juntamente com o corpo percorreu a casa inteira), olhos fechados (acompanhando a boca com uma certa serenidade, sem perder a sensualidade). E minha mente não satisfeita, quer ir além, e agora eu tenho uma visão mais próxima de você. Percebo algumas marcas vermelhas pelo teu corpo, com certeza não me contive, e mordidas, tapas e algumas pegadas mais fortes, foram necessárias para saciar nossa vontade.


Desperto de meus pesamentos e deixo a realidade tomar conta. Continuo deitado nessa cerâmica gelada. Olho para cima tentando enxergar o céu (a única coisa tão lindo e sereno após um vendaval, e que tem o cinismo de se mostrar brando depois de destroçar uma casa), mas não havia céu algum. "Porra! Estou dentro de casa, no escuro, deitado neste chão frio e querendo enxergar o céu ? Estou "viajando" só pode..." Disse no momento em que me colocava de pé. Ainda atordoado com a maneira esplêndida em que meu cérebro te projetou dormindo completamente nua em minha cama, saio cambaleando a procura do "meu céu" (este que não há espaço a ser preenchido com estrelas, pois as mesmas não caem), e ao sair na varanda me deparo com apenas nuvens, sem ao menos uma estrela para embelezar aquele cinza filho da puta.



Em questão de segundos, me lembro de outra coisa que consegue me dar a mesma sensação do que admirar o céu em um "dia bom". Deixando para traz aquelas nuvens que insistem em tornar tudo uniforme e esconder uma beleza surreal, adentro rapidamente e vou em direção ao meu computador. Após alguns clicks de mouse, aquela linda sinfonia invadia meu quarto. Parecia que dançavam em cada fresta das paredes, quase podia sentir a presença do próprio Beethoven ali. E então percebo que foi em vão. Nem mesmo ela (sinfonia) consegue provocar em meu corpo o mesmo ou similar "frenesi" de quando apenas penso em você.



Logo deixo à você a missão de trazer a tona uma sensação que nem mesmo o cérebro humano consegue imaginar (apesar de senti-la), e volto a deitar - agora em meu leito- para me afundar em meus pensamentos. E antes de deixar você rouba-lo por completo, me pego pensado que nem mesmo o céu com toda a sua magnitude conseguiu manifestar diante dos meus olhos, quiçá a 5 sinfonia de Beethoven com sua desenvoltura conseguira. Mas você, meu bem, consegue me causar tal efeito! Na realidade, tudo que foi dito aqui, comparado ao fato de imaginar sua boca e teu corpo junto ao meu, se tornam apenas mais uma trivialidade da vida, que devo esquecer quando minha boca de fato encontrar a tua.

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