sexta-feira, 30 de novembro de 2018

From Old Rock to Sad Songs

Me diz, o porquê de suas queixas
Me disse não ter queixas
Pergunto, por que então tu me deixas?
Conforto a mim mesmo, dever haver queixas

O amor vicia
O bonito vicia 
O gostoso vicia
Cuidado, à tristeza vicia

Situação complicada, eu e você
mãos atadas, muito na jogada
Fugir? Deixar alguém? Deixar passar?
Voltar atrás? A corda alterou, não dá

Faz um bom tempo, estou estirado
Luto por forças, pranto escancarado 
Não pode ver, não com meu sorriso estampado
Faz um bom tempo, tempo magoado

Sad songs, muitas interpretações
Causas diversas
Coisas controvérsias 
Todas lamúrias, alívio de pressões

Amor
Angústia
Arte
Amantes

Não sair do lugar, não conseguir se expressar
Você até tenta, não consigo passar
Você sofre, eu sofro
Solidão compartilhada, singular para enxergar

Me acertou esse míssil, me consome esse vício 
Old rock, não escondemos os indícios
Era para ser aventura, nossa travessura
Cúmplices de uma loucura, luxúria 

Precisávamos, ansceavamos
Nos damos, nos enxergamos
Te dei, você se doou 
Te mostrei, você se mostrou

O amor vicia
O bonito vicia 
O gostoso vicia
Cuidado, à tristeza vicia

Me disse: não me deixe...
Não era justo, deixei!
Me cutucou, agora tu me deixas
Entendo, o que não impede que me queixe

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Escute criança

Quando era criança, quando comecei a entender o mundo, quando achava conhecer tudo, proferi alguns absurdos. Chás, cafés, viagens, cigarros, cervejas, livros, filmes, estudos, patrimônios, relacionamentos e toda cachaça em vidros caros. Não entendia os mais velhos, tanto para viver e tão pouco porquê ser.



Do prisma de uma criança, muita coisa não faz sentido. É tenso ouvir relatos de sua avó, mãe e pai falando de seus filhos, dizendo que estão perdidos. "Fulano e ciclano só querem saber de beber e fumar, igual loucos..." O que aumenta, cada vez mais, as perguntas na cabeça do pobre menino: "O que é não está perdido, como encontro o quê os demais acharam?".



É um absurdo adultos almejarem ter filhos. Quando "acontece", dado pelas necessidades físicas, já é uma desgraça. Quando planejam, inteligentinhos e "estruturados", catástrofe. Vícios, hábitos e costumes, não importa, só maneiras de se embreagar e suportar outro dia, e mais três doses de qualquer entretenimento no intuito de não perceber à noite. Covardia é achar que trasfere-se o vazio para o novo no mundo. Poder aquisitivo elimina certas noites as claras, o que não diminui são as respostas vagas quando os baixutinhos se dão conta da furada.



Desconsidere a classe social. Qualquer  um irá esconder sua ignorância e se esconder atrás de teorias, seja elas científicas ou místicas (dispenso vertentes), tudo lorota para entreter e você, criança, se perder diante tantas invensões humanas. Outros perdidos, tanto quanto seus mentores e guardiões.



A ideia é escolher qual merda quer abusar e se embreagar enquanto espera a vida passar, desejando fortemente que não haja outro estágio depois que este findar. Ou pode fingir que compreendeu o sentido, se comportar como um cretino e apontar o dedo para os outros envoltos em seus vícios. O primeiro, se todos se aprofundarem no grande vazio de si mesmos, logo chegará ao fim dessa proliferação desenfreada. Segundo, o que tens visto até hoje, é escolher o seu "kit fantasioso" e ter esperança que seus filhos não sejam tão odiosos quanto seus genitores.



Quem dera eu pudera dizer, após minhas morte, o que dissera Brás Cubas de Machadinho: "Não tive filhos, não trasmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria." Não tive a astúcia e lealdade comigo. No fim, me pus como o segundo tolo descrito, um hipócrita esperançoso. Não amaldiço-o meu fruto, esta é apenas um reflexo de minha parte burra, apesar de ser singular em sua ternura. Todavia não bendigo meu feito, mesmo trazendo algo belo e ingênuo, não mereço um só gracejo, mereço a forca ou o esquartejamento.



Há alguns séculos, pessoas eram esquartejadas, queimadas, apedrejadas e enforcardas por traição ou deshonra. Hoje, esquartejam o mundo das ideias, queimam a língua em rezas, apedrejam os desiguais e se enforcam a outras pessoas, se matando porque é o certo a se fazer. Porque assim o fizeram crer.



Abri várias portas. Falei, esperniei e expressei-me cansado e a fé morta. Criança é a origem, e o morimbudo destina-se o ser. O porquê de ser: um mito. Os absurdos? Repito. Quando era criança, quando tinha esperança, não entendia que no mundo viver e querer ser, eis aí, o verdadeiro absurdo.

sábado, 17 de novembro de 2018

O complemento




Como pode alguém perfeito errar tanto em criar algo que só lhe dá decepção? E tendo ainda o poder de mudar tudo, se esconde e somente observa a desgraça de todos. É abominável a ideia que Ele exista, me deixa triste e me afronta querer me fazer crer. Porém, como metanóia, devo ser justo ao verdadeiro Deus, sinônimo de perfeição.

Aflito e "espectoso", me abstive e tentei transparecer serenidade. Parecia estar no controle e ter passado por aquela ocasião um zilhão de vezes, como todos aqueles moços verdes, nos quais me percebi devaneando ao fitar os que à vista estavam. Deve ser honroso estar em seus lugares, pena que a frequência no fazer, a torna menos prazerosa e especial a cada dia. Tanto honroso como responsível, não preciso citar o árduo caminho até galgar finalmente o posto.

Médicos, enfermeiros e técnicos todos envolto de suas funções. Sei que peco em não ditar-lhes as especializações, no entanto é complicado que lembre tantos e mais desrespeitoso seria me atrever a esquecer algum. Fora crucial a Sheila Lara, xará da nossa, esperada e impaciente se tornando paciente, que estevesse presente e de uma voz terna me ajudar a acalmar a mãe, que vi duas ou três vezes caminhar pendente pela linha do equilíbrio. Enfermeira-obstetra, lembrar desta em específico é como andar de bicicleta.

Findou-se o trabalho, limpados e medicados, fomos deportados ao quarto ao lado, e após um dia soube-se a necessidade de mais alguns hospitalizados. Nasceu antes da hora, foi requerido supervisão e cuidados, mais um ou dois dias, por ora. Usei os intervalos para ler e escrever. Achei estar em uma boate, prostíbulo ou recebendo passe em uma casa espírita; A luz azul e a quietude do local, interrompida apenas por choros de RN's, me colocou em devaneios.

Quatro camas, quatro cantos, panos brancos, luz azul e um banheiro. Doze pessoas; quatro sob cuidados, quatro preocupados e quatro dormindo mas sempre supervisionados. Cada qual ali por suas particularidades. Uns problemáticos, outros sempre deitados, alguns levantam (acompanhantes) e nós, no primeiro leito do quarto. 

Havia um livro em meio aos meus, ganhei de um amigo meu. Iria jogar fora, achei um cúmulo naquela hora. Reividiquei aquela obra, capa dura, pura literatura e ainda por cima escrita por um brasuca. Aluísio Azevedo, xará de outro grande amigo meu. O carinho que tenho hoje por este estimado livro, me foi descoberto em um momento crucial, como percebe e aqui relato. Adorei conhecer a Dona Olímpia, Dr. Cesar, Palmira, Leandro e seus relatos. 

Por fim, após notáveis nove meses de descontentamento, apesar de não ter querido ter te tido, adorei que tenha aparecido. Quarenta e seis centímetros, "três e poucos quilos", me fez enxergar que as vezes, somente as vezes, algo desprevenido pode sofre uma alquimia e se tornar algo limpo. Não digo o mesmo do todo, ainda me mordo os lábios de ódio, porém te olho e analiso que, sem tudo isso não teria eu te conhecido.

Aluísio Azevedo, que também pairou sobre o leito de minha pequenina, usou das palavras da velha Olímpia para me apontar certos pontos furtivos, nos quais, não sabia apreciar e que com certeza é importante mencionar e memorá. E não encontro outra palavra mais adequada para expressar a perfeição desses passados dias, que não seja Deus. É a única (mantendo meu desdém pela divindade), que expressa o que sinto, em qual me inspiro e hoje exprimo aqui, minha singela e notável forma de contentamento. Entendi contrariado qual me faltava um complemento.

Escravo / Agiota do séc. XXI

Venha que preciso te alertar sobre o real motivo de estarmos aqui. Vários vieram antes de mim, e é possível que após Ele me dar cabo, terão ...