quarta-feira, 23 de maio de 2018

Me responda você

Você vai perguntar: onde está o problema dessa vez menino melancólico? Qual foi o motivo que te levou a partir desse mundo? O que acha que tens do outro lado que não temos aqui? Vai, levanta dessa poça de sangue, me explica que porra é essa.

Vou te responder: está impregnada em toda parte, não é possível que não o sinta. Essa droga de regente que insiste em nos jogar de um lado à outro, será que só eu me incomodo com esse sacolejar? Quem isso pensa ser para brincar com as cordas com tanta displicência, um Deus?

E sigo: só de pensar em cometer uma ação que realmente seja minha, já é satisfatório! A perca de controle, essa luta invencível contra a entropia, sem citar os motivos esdrúxulos que dão para o contínuo dessa farsa, me parecem tópicos suficiente para que sirvam de resposta. Hipocrisia é achar que ira acabar de outra forma quando os finais alternativos estão apenas na ficção.

Você ousou uma terceira pergunta, e lhe dou um esboço da resposta: minha esperança é que não tenha nada lá, conto com isso! Seria desastroso uma continuação dessa existência sem sentido, seja em um paraíso, seja no inferno ou qualquer outra coisa que os valha. O que espero encontrar é o nada, envolto no silêncio.

O sangue não é meu, como podes ver não tenho uma só perfuração. Ela hesitou, mas tínhamos um acordo, só tratei de cumprir minha parte. Seria gentil que você me explicasse que porra é essa! Afinal, quem encontra motivos para viver de tempos em tempos, não sou mais eu, nem sequer usem o "é", refiram-se a mim como "foi", o "está" agora precede o pleno.

Escravo / Agiota do séc. XXI

Venha que preciso te alertar sobre o real motivo de estarmos aqui. Vários vieram antes de mim, e é possível que após Ele me dar cabo, terão ...