domingo, 20 de novembro de 2016

DEUS SEGUNDO ESPINOZA

As palavras abaixo são de Baruch Espinoza - nascido em 1632 em Amsterdã, falecido em Haia em 21 de fevereiro de 1677, foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. 
        
Reflita...



"Pára de ficar rezando e batendo no peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti. Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro! 
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho? Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez?Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso? Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é a única que há aqui e agora, e a única que precisas. 
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho: viva como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. 
Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tenha certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. 
Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. 
Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar. 
Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato?Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.
Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar. 
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. 
Para que precisas de mais milagres?
Para que tantas explicações?
Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro, aí é que estou, batendo em ti."

Sinônimo de paixão

Como uma simples frase pode mudar meu estado, tento me importar o quanto menos com o que é dito por outros. No entanto, há determinadas pessoas e frases que são inevitáveis o refluxo. Digo. Tento não deixar, mas essa desgraça passa a importar. O Ser humano é só! Por mais que, tem quem diga o contrário, o ser humano é solitário. Há pessoas que, afrontando o pensamento lógico, deixo entrarem em minha vida e acabam se tornando seres necessários. Importantes. São causa de grandes males, pois passam a coexistirem junto a meu cotidiano, e começo a apostar/creditar muito nelas, superestimando-as até tomar bordoada. Aí, já é a fase em que o bobo que rege a corte, já está apaixonado e tem uma especie de consideração pelo réu. Não revido, apenas remôo. 

Frases que, hipocritamente não gosto de ouvir, são piores que uma canelada na costela (sei do que estou dizendo!), no entanto, são necessárias para evoluirmos! Amo pessoas sinceras, me fazem crer que a humanidade ainda tem salvação. Ser franco é, muito das vezes confundido como rude, lamentável a sociedade ser tão acostumada a maquiar os dizeres. Coitados. Assustam quando lhes são dito a verdade de forma direta. "A sempre uma loucura no amor, mas há sempre um pouco de razão na loucura..." Acho que Nietzsche tinha razão!  Quando se ama é demasiado normal, mas levando em conta o que disse no início, é loucura amar alguém! Neste momento, entra o paradoxo imposto por Nietzsche, pois há um pouco de razão na loucura, você pergunta: como isso é possível? Eis que lhe respondo, a loucura está nos olhos dos terceiros que se julgam sãos. Logo não passa de ponto de vista.

Outro ponto importante é o que o amor nos causa, esse nos faz querer agradar outro ser, e imaginar a eternidade. O tempo imposto para nossa trajetória não é o bastante, queremos mais, queremos mais tempo para jogar fora com a amada. Ainda bem que o cotidiano existe, senão estaríamos perdidos, cada um perdendo o tempo amando sem ter certeza de ser amado. Jogo tais palavras em seu campo de visão e você pensa que sou amargurado, errando! O que disse é a verdade, mas como todos somos hipócritas, ignoramos a sanidade e amamos o próximo. Costumava viver minha vida a noite. Vivi por muito tempo nas sombras... Mas após surgir certas pessoas em minha vida, uma luz se acendeu! No começo me assustou, a luz era tão brilhante que ofuscou minha vista, depois se tornou parte do todo! Sei que não devo te ver como minha salvação, afinal você está tão perdida quanto eu, mas enquanto estiver ao meu lado sinto que conseguirei enxergar a minha luz, ou seja, você desperta o melhor que há em mim.

Quando se tem a noção que tudo vai dar certo, esperamos com uma certa expectativa. E quando nos é cobrado algo, muito das vezes, queremos mostrar o nosso valor. Nesse momento é que nos vemos a beira de um precipício, onde tomamos um folego e olhamos uma última vez para o horizonte, antes de saltar. Passamos por uma espécie de insight, pensamos em tudo e no nada em questão de segundos... É uma das melhores sensações que já senti, e gosto de sentir quando possível. É lamentável quando esse pequeno momento que descrevi de uma forma extensa, é arrancado de mim. Você me levou para o alto da montanha com seus dizeres, me fez imaginar a sensação de pular nesse abismo, e do nada, com atitudes estranhas me afasta de ti. Dizes que me queres por perto, mas não faz questão da minha presença. Me faz sentir-me seu confidente, porém me exclui dos seus conflitos! Fico feliz que tenhas alguém para partilhar e refutar suas confusões além de mim, mas como um ser vulnerável que me tornei após a sua chegada, me sinto um pouco enciumado. Sei que é ridículo, mas sinto.

Agora lhe pergunto, porque teve que me iludir, não bastava o olhar penetrante e o sorriso sedutor? Tinha que me fazer sentir que eu poderia ser o ser que lhe faltava? Já havia contrariado a lógica, ignorado meu lado racionalista, e apostado tudo nesse romance. Paixão é algo que nos deixa embriagado de ignorância, e mesmo assim queremos outra dose. Agora o meu Eu me puxa a orelha e diz aquela famosa frase de quem sempre esteve certo: "Eu te avisei, não se apaixone por ela...". Mas a droga do meu coração, sempre com rebeldia e birra do cérebro racional, me faz tomar caminhos com finais. Por isso, e outras coisas mais, é que gosto da solidão. Ela não me ilude, apenas me diz a verdade, mesmo que esta seja como fel. 

Volto à dizer, o ser humano é só! E por mais que tenha quem diga o contrário eu saliento que somos seres solitários. Há momentos em que partilhamos com os outros, mas não passa de duas solidões coexistindo. Não passa da famosa "solidão compartilhada". É devido a solidão que nós sempre queremos estar com alguém, digo, alguém que valha a pena, e isso me remete ao ponto em que fecho os olhos e me imagino cheirando o seu pescoço, quase posso sentir o cheiro da sua pele, aquele cheiro, lembra? Infelizmente ou felizmente, estou novamente na beirada daquele precipício e não me sinto só, dessa vez apenas respiro fundo e me deixo cair. Após um turbilhão de pensamentos e sensações, eis que surge uma pergunta que a tempos me rodeia: Namora comigo?



terça-feira, 25 de outubro de 2016

Carta sobre a felicidade (à Meneceu)

 Epicuro envia suas saudações a Meneceu.

  "Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito. Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou, é como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz. Desse modo, a filosofia é útil tanto ao jovem quanto ao velho: para quem está envelhecendo sentir-se rejuvenescer através da grata recordação das coisas que já se foram, e para o jovem poder envelhecer sem sentir medo das coisas que estão por vir; é necessário, portanto, cuidar das coisas que trazem a felicidade, já que, estando esta presente, tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para alcançá-la. Pratica e cultiva então aqueles ensinamentos que sempre te transmiti, na certeza de que eles constituem os elementos fundamentais para uma vida feliz.
  Em primeiro lugar, considerando a divindade como um ente imortal e bem-aventurado, como sugere a percepção comum de divindade, não atribuas a ela nada que seja incompatível com a sua imortalidade, nem inadequado à sua bem-aventurança; pensa a respeito dela tudo que for capaz de conservar-lhe felicidade e imortalidade.
  Os deuses de fato existem e é evidente o conhecimento que temos deles; já a imagem que deles faz a maioria das pessoas, essa não existe: as pessoas não costumam preservar a noção que têm dos deuses, ímpio não é quem rejeita os deuses em que a maioria crê, mas sim quem atribui aos deuses os falsos juízos dessa maioria. Com efeito, os juízos do povo a respeito dos deuses não se baseiam em noções inatas, mas em opiniões falsas. Daí a crença de que eles causam os maiores malefícios aos maus e os maiores benefícios aos bons. Irmanados pelas suas próprias virtudes, eles só aceitam a convivência com os seus semelhantes e consideram estranho tudo que seja diferente deles.
  Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações. A consciência clara de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição da vida efémera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminando o desejo de imortalidade.
  Não existe nada de terrível na vida para alguém está perfeitamente convencido de que não há nada de terrível em deixar de viver. É tolo portanto quem diz ter medo da morte, não porque a chegada desta lhe trará sofrimento, mas porque o aflige a própria espera: aquilo que não nos perturba quando presente não deveria afligir-nos enquanto está sendo esperado.
  Então, o mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada para nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos. A morte, portanto, não é nada, nem para os vivos, nem para os mortos, já que para aqueles ela não existe, ao passo que estes não estão mais aqui. E, no entanto, a maioria das pessoas ora foge da morte como se fosse o maior dos males, ora a deseja como descanso dos males da vida.
  O sábio, porém, nem desdenha viver, nem teme deixar de viver; para ele, viver não é um fardo e não-viver não é um mal.
  Assim como opta pela comida mais saborosa e não pela mais abundante, do mesmo modo ele colhe os doces frutos de um tempo bem vivido, ainda que breve.
  Quem aconselha o jovem a viver bem e o velho a morrer bem não passa de um tolo, não só pelo que a vida tem de agradável para ambos, mas também porque se deve ter exatamente o mesmo cuidado em honestamente viver e em honestamente morrer. Mas pior ainda é aquele que diz: bom seria não ter nascido, mas, uma vez nascido, transpor o mais depressa possível as portas do Hades.
  Se ele diz isso com plena convicção, por que não se vai desta vida? Pois é livre para fazê-lo, se for esse realmente seu desejo; mas se o disse por brincadeira, foi um frívolo em falar de coisas que brincadeira não admitem.
  Nunca devemos nos esquecer de que o futuro não é nem totalmente nosso, nem totalmente não-nosso, para não sermos obrigados a esperá-lo como se estivesse por vir com toda a certeza, nem nos desesperarmos como se não estivesse por vir jamais.
  Consideremos também que, dentre os desejos, há os que são naturais e os que são inúteis; dentre os naturais, há uns que são necessários e outros, apenas naturais; dentre os necessários, há alguns que são fundamentais para a felicidade, outros, para o bem-estar corporal, outros, ainda, para a própria vida. E o conhecimento seguro dos desejos leva a direcionar toda escolha e toda recusa para a saúde do corpo e para a serenidade do espírito, visto que esta é a finalidade da vida feliz: em razão desse fim praticamos todas as nossas ações, para nos afastarmos da dor e do medo.
  Uma vez que tenhamos atingido esse estado, toda a tempestade da alma se aplaca, e o ser vivo, não tendo que ir em busca de algo que lhe falta, nem procurar outra coisa a não ser o bem da alma e do corpo, estará satisfeito. De fato, só sentimos necessidade do prazer quando sofremos pela sua ausência; ao contrário, quando não sofremos, essa necessidade não se faz sentir.
  É por essa razão que afirmamos que o prazer é o início e o fim de uma vida feliz. Com efeito, nós o identificamos como o bem primeiro e inerente ao ser humano, em razão dele praticamos toda escolha e toda recusa, e a ele chegamos escolhendo todo bem de acordo com a distinção entre prazer e dor.
 Embora o prazer seja nosso bem primeiro e inato, nem por isso escolhemos qualquer prazer: há ocasiões em que evitamos muitos prazeres, quando deles nos advêm efeitos o mais das vezes desagradáveis; ao passo que consideramos muitos sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer maior advier depois de suportarmos essas dores por muito tempo. Portanto, todo prazer constitui um bem por sua própria natureza; não obstante isso, nem todos são escolhidos; do mesmo modo, toda dor é um mal, mas nem todas devem ser sempre evitadas. Convém, portanto, avaliar todos os prazeres e sofrimentos de acordo com o critério dos benefícios e dos danos. Há ocasiões em que utilizamos um bem como se fosse um mal e, ao contrário, um mal como se fosse um bem.
   Consideramos ainda a auto-suficiência um grande bem; não que devamos nos satisfazer com pouco, mas para nos contentarmos com esse pouco caso não tenhamos o muito, honestamente convencidos de que desfrutam melhor a abundância os que menos dependem dela; tudo o que é natural é fácil de conseguir; difícil é tudo o que é inútil.
  Os alimentos mais simples proporcionam o mesmo prazer que as iguarias mais requintadas, desde que se remova a dor provocada pela falta: pão e água produzem o prazer mais profundo quando ingeridos por quem deles necessita.
  Habituar-se às coisas simples, a um modo de vida não luxuoso, portanto, não só é conveniente para a saúde, como ainda proporciona ao homem os meios para enfrentar corajosamente as adversidades da vida: nos períodos em que conseguimos levar uma existência rica, predispõe o nosso ânimo para melhor aproveitá-la, e nos prepara para enfrentar sem temor as vicissitudes da sorte.
 Quando então dizemos que o fim último é o prazer, não nos referimos aos prazeres dos intemperantes ou aos que consistem no gozo dos sentidos, como acreditam certas pessoas que ignoram o nosso pensamento, ou não concordam com ele, ou o interpretam erroneamente, mas ao prazer que é ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma. Não são, pois, bebidas nem banquetes contínuos, nem a posse de mulheres e rapazes, nem o sabor dos peixes ou das outras iguarias de urna mesa farta que tomam doce uma vida, mas um exame cuidadoso que investigue as causas de toda escolha e de toda rejeição e que remova as opiniões falsas em virtude das quais uma imensa perturbação toma conta dos espíritos. De todas essas coisas, a prudência é o princípio e o supremo bem, razão pela qual ela é mais preciosa do que a própria filosofia; é dela que originaram todas as demais virtudes; é ela que nos ensina que não existe vida feliz sem prudência, beleza e justiça, e que não existe prudência, beleza e justiça sem felicidade.
  Porque as virtudes estão intimamente ligadas à felicidade, e a felicidade é inseparável delas. Na tua opinião, será que pode existir alguém mais feliz do que o sábio, que tem um juízo reverente acerca dos deuses, que se comporta de modo absolutamente indiferente perante a morte, que bem compreende a finalidade da natureza, que discerne que o bem supremo está nas coisas simples e fáceis de obter, e que o mal supremo ou dura pouco, ou só nos causa sofrimentos leves? Que nega o destino, apresentado por alguns como o senhor de tudo, já que as coisas acontecem ou por necessidade, ou por acaso, ou por vontade nossa; e que a necessidade é incoercível, o acaso, instável, enquanto nossa vontade é livre, razão pela qual nos acompanhara a censura e o louvor?
  Mais vale aceitar o mito dos deuses, do que ser escravo do destino dos naturalistas: o mito pelo menos nos oferece a esperança do perdão dos deuses através das homenagens que lhes prestamos, ao passo que o destino é uma necessidade inexorável.
  Entendendo que a sorte não é uma divindade, como a maioria das pessoas acredita (pois um deus não faz nada ao acaso), nem algo incerto, o sábio não crê que ela proporcione aos homens nenhum bem ou nenhum mal que sejam fundamentais para uma vida feliz, mas, sim, que dela pode surgir o início de grandes bens e de grandes males. A seu ver, é preferível ser desafortunado e sábio, a ser afortunado e tolo; na prática, é melhor que um bom projeto não chegue a bom termo, do que chegue a ter êxito um projeto mau.
  Medita, pois, todas estas coisas e muitas outras a elas congêneres, dia e noite, contigo mesmo e com teus semelhantes, e nunca mais te sentirás perturbado, quer acordado, quer dormindo, mas viverás como um deus entre os homens. Porque não se assemelha absolutamente a um mortal o homem que vive entre bens imortais."

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Nunca é o que parece

A incerteza paira sobre min, porém hoje me sinto estranhamente vivo. A razão desconheço de fato, mas algo mudou e gostaria que continuasse assim. Será que é por eu ter me reencontrado lendo um drama jovem-adulto? De fato, adoro esse tipo de história. Quando se trata da fase juvenil no século XXI, com os protagonistas habitantes da América do Norte ou no território Europeu, desperta em min um certo encanto! A cultura me fascina. Mas aquela incerteza ainda esta lá, tento ignorá-la para que eu possa continuar com vibrações elevadas, parece estar funcionando. Tenho medo que esse "estar vivo" consigo, traga aquela insana vontade.

 Só de pensar sinto meus instintos se aguçarem como se uma fera fosse, como se essa fera tomasse conta de min, desejando saciar sua sede. Admito que amo essa sensação, sinto que estou no controle e compreendo melhor o meu ser. O infortúnio é à legislação que trata pessoas da minha especie como bárbaros, como se nunca houvesse tido desejos semelhantes. Entretanto não executam, com receio dos fatores seguintes segundo as suas leis. Hipócritas, não admitem serem animais, mesmo que racional.

Eu praticamente invejo quem tem tanta certeza de algo. As vezes temos "certeza" que fulano é inofensivo, e creditamos confiança. Até nos depararmos com o seu verdadeiro eu, e percebemos que ele é apenas mais um animal sedento por sangue. O sangue quente entre seus dedos e sua pupila dilatada - efeito da excitocina. Como se pode ter certeza em um mundo de seres incertos? Não o culpo por querer sentir que está vivo... Uma sábia e velha senhora, uma vez proferiu os seguintes dizeres que, guardarei e usarei como guia em minha trajetória: "confie naqueles que buscam a verdade, mas duvide daqueles que dizem que a encontraram." Talvez seja por isso que, simplesmente não consigo desapegar desse "agnosticismo" em relação a praticamente tudo na vida e me simpatizo com maestria com à tal filosofia. Pensamento as vezes benéfico, outrora nem tanto. Minha vó tem o dom de causar essa costumeira sensação de vazio na gente. No entanto, quando à indaguei qual seria o sentido da vida, eis que ela me responde que é viver, contrariando o meu modo de pensar. Forma sutil e complexa de se responder. 

Sinto em dizer que desconheço quem vive, conheço apenas sobreviventes desse mundão. Somos obrigados a pensar igual, a ter padrões, a coibir nossos desejos mais íntimos e a contracenar nesse perfeito mundo regido pelo acaso, mero absurdo. Afinal tudo provém dessa origem. Portanto, somos todos forçados a atuar, deixando de lado o viver. Quando escrevo, faço porque quero, faço porque sinto e sinto porque supostamente estou vivo. Você é a razão na qual eu me sinto vivo, mesmo que perambulando pela morte. Porém devo salientar que, para uma pessoa que não vê graça em nada e consegue encontrar um outro alguém que, apenas por existir, dê sentido para a primeira continuar... É algo extraordinário. Ideia um tanto quanto absurdista. Mais absurdo seria se eu à quisesse tanto em meus braços, mas dispensasse a vontade de ter sua vida/sangue em meu poderio. Devido a lei do homem, volto a afirmar: não vivemos, apenas sobrevivemos na falta do que seria necessário para viver.

Imagino o porque da associação involuntária/inconsciente de histórias juvenis com se sentir vivo, ser jovem é estar próximo do 'viver' propriamente dito. Fase de explorar, desejar, apreciar, refutar, imaginar... 'N' verbos com significados relativos ao próprio prazer, quase um Satanismo real. A pior coisa é ser impedido de seus prazeres. Coisa que o Satanista almeja com tango afinco! É complicado falar sobre o real satanismo nos dias de hoje, alias, sempre foi... Exemplo disso é ocultismo demonizado que foi instituído até mesmo contra Jesus -enquanto em terra. Logo o Messias, o tão falado filho do Deus do amor, causando sua crucificação. Maldita sociedade, ainda alimentam o mesmo pragmatismo.

Hoje em dia, percebo que o mundo em que vivemos é apenas um reflexo do mal-humor de Deus. Pessoas perversas, desequilibradas, lunáticas e esquizofrênicas nos rodeiam. Estou expondo meu ponto de vista, talvez eu seja um, ou o esquizofrênico a qual me refiro, porém não há se quer um ser vivo capaz de dizer que estou a beira do precipício. Não há um alguém a altura de dizer que meus desejos/instintos são malefícios diante a sociedade. E seguindo meu impulso, aproveitando o meu bem estar, continuarei meditando maneiras de te esquartejar com aquele cutelo que compramos juntos. Lembro-me do teu sorriso quando me mostro-o pela primeira vez, e quero ver novamente quando estiver arrancando pedaços de você.

Na companhia do meu teclado e um love metal, fantasio sua morte. Porém com consciência que isso não pode sair do mundo astral. Afinal, devo alimentar meu desejo ou não? Se o deixar ir, minha frustração aumentará e ficarei mal por isso, em contrapartida se eu executar, te executar, terei que arcar com as consequências de uma legislação fajuta. Realidade cruel, e o meus direitos decretados na Constituição de 1988? Penso que podemos fazer tudo que queremos, quando estou nessa vibe, só devo me atentar a maneira correta de fazer, para driblar os Direitos Humanos. - Assim pensou o jovem psicopata, tentando reprimir seus desejos. 

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Não foi sua culpa, apenas sequencia dos fatos

O mundo se tornou completamente único após a sua chegada. Não tinha motivo algum para continuar, após diversos dessabores ocorrido em minha existência. Você é a luz que clareia os meus dias cinzas. Pessoa que me desperta a vontade de voltar para casa após um dia exaustivo. Um simples 'Eu te amo' seria esdruxulo ao seus pés, não pela falta do sentimento, mas sim por não conseguir definir um terço do que sinto por ti. Lembra da definição que tenho de um Deus? Os sinônimos da perfeição e tudo mais? Pois bem, hoje na presença dessa perfeição, agora um azul imenso seguido de verdes que balançam no ar parecendo que irão se fundir, borrões pretos passam rasgando o meu céu, de todos os tamanhos e cores, tornando-o mais complexo, causando em mim uma ilusão de ótica. Você deve estar se perguntando o que tem haver tudo isso contigo e eu lhe respondo: eu seria apenas mais um mortal que não consegue enxergar todas essas maravilhas se não a tivesse encontrado.

Todos os romancistas da vida, não importa qual seja  a forma de sua arte, precisam estar apaixonados para conseguirem expressar sequer um esboço do que sentem. E eu dou graças aos deuses por você. Não porque você me proporciona tal alegria, pois assim seria egocentrismo/egoismo de minha parte. As graças são por eles me presentearem com alguém que eu, em minha insignificância, não teria capacidade para imaginar. Deuses, destino, o que seja. Chame do que bem querer. Esse brincante sempre esta nos pregando peças... No meio da calmaria, lá no horizonte, se tu forçar à vista, percebe um vendaval! No meio desse efeito climático, você se foi. Volto a realidade nua, crua e cruel. Os dias incolores retornaram! Agora com um agravante.

Após um período tentando encontrar os porquês, como se estivesse despertando de um sonho confuso, tento me expressar. Questionamentos sobre a vida e seu sentido é corriqueiro. Se a vida é apenas isso, me pergunto o motivo de haver pessoas tão empenhadas em sobreviver? Tento incansavelmente descobrir o brilho, ou qualquer outra coisa que faz conservadores existirem. Preservar o quê, o vazio? Não consigo crer que somente eu enxergo dessa maneira, devemos seguir um script e sonhar com mais,  ou apenas dar um fim a incerteza? Esse fim é atrativo, porém o que restou do temor suplica por paz, não por dores intensas que à anteceda.

Você sabia dos meus demônios, talvez não se afastou antes por pensar que eu não preciso ser escravo deles. E eu queria que fosse verdade. O que posso fazer se eu só penso em morrer? Desejo antigo, surgiu em meio a um sofrimento. Depois não quis ir embora, esse tormento. Quem foi embora na realidade foi você, esta que não aguentou mais tanto sofrer de me ver sofrer. A escuridão é habitável, fácil de andar, difícil encontrar a saída. Morrendo aos poucos. Olhos se tornaram cinzas. Sem vida. Meu refúgio é mergulhar no nada. Sei do seu passado! Não se sinta mal, você tentou diversas vezes me conduzir à saída, mas acredito que a passagem é estreita, talvez não seja suficiente. O importante para min é que você conseguiu atravessá-la. Não acredito em anjos, mas acredito que há uma luta constante entre luz e escuridão no mundo. As vezes externo, e na maioria das vezes, perigosamente interno. Não se sinta triste, por sua escuridão ter ido embora.

Vivo aguardando o momento em que desprendo de minhas limitações no físico, e posso desfrutar quase que a imensidão da minha mente. Minto! Há tempos não vivo, apenas existo - aguardando por momentos como esse descrito. Ou quiçá um pico de emoção nos olhos desse moribundo juvenil.Talvez me simpatizo com a morte, apenas por querer permanecer para sempre no mundo dos sonhos. Dormindo. Os sonhos são tão bons! Quase se é um motivo para continuar. Será que gostar mais das seis horas (porcamente) dormidas, ao invés das horas "acordado" é errado? Não sinta culpa. Partirei consciente que você tentou me resgatar! As juras, foram verdadeiras! O vento leva consigo minhas palavras. Penso em sonhar eternamente, não ouse fazer suas rezas para que seu Deus possa me acordar, pois é lá que escolhi estar. Não fique triste. Não foi sua culpa, apenas sequência de fatos. Nunca me senti inteiro, sempre faltou algo. Afinal, sempre lhe disse que: "Te amo não porque você dança com os meus anjos, e sim porque acalma meus demônios".

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Waked up

Um filme. Uma pilula. Uma cantora. Uma madrugada. Um exercício. Um céu. Foram necessários para o despertar. Este moribundo que vos fala, por incontáveis vezes, esteve a beira de um colapso. Momentos difíceis foram superados sem um pingo de esperança. Foi como se estivesse hibernado durante este período turbulento. Enfim, acordei! De um sono que não quero mais presenciar.


Por inúmeras vezes sonhei com este momento de euforia, mas só havia um olhar cinza nesta face dorminhoca. A beleza não surpreendia mais. Como se o véu que lhe cobria os olhos tivesse sido retirado, foi possível rever um dos motivos que o mantem vivo. Não poderia ser nada mais que a visão imperfeita (por obstruções humanas) do esplêndido céu às 00:56 do segundo dia de julho deste ano.



Por vezes sentindo-se fracassado por não haver forças nem para se exercitar fisicamente, como anteriormente adorava. O contorno indesejado de seu corpo começou aparecer através da fina peça de roupa. Após pesquisas, e o retomar das engrenagens que o fazia mexer-se, com a ajudinha de um termogênico para lhe dar animo, aquela velha chama reacendeu - ou talvez seja apenas o grande nível de cafeina no sangue junto com outros componentes igualmente termogênicos, e o alto nível de oxitocina à tempos desejados.



Como se o Universo estivesse dando um empurrãozinho, um amigo, pelo What's app, citou o nome desta cantora espetacular: Etta James. Na companhia da playlist Queen of Soul estes dedos que à tempos não dedilhavam neste teclado, deslizam em perfeita harmonia e sintonia com a canção. São momentos como este que fazem, os ainda, homo sapiens sapiens desenvolverem vontade (estranha esta) de querer viver, chamada esperança.



A um enorme período não me deliciava com esta aturdida vontade de escrever! E hoje sou grato aos momentos citados acima. Nada melhor para despertar a imaginação (além de um bom livro) do que aqueles filmes que o fazem sentir-se parte, compreende? O filme visto hoje foi um desses. Interestelar.



Uma madrugada, um notebook, um CD, um reavivamento, um suor,  um quarto vazio, vazio de moveis porém inteiramente cheio de uma chama, aquela chama, lembra? Agora diante a outro impasse sinto que faço parte! Não deixar essa singela chama se apagar novamente me parece uma tarefa interessante e a minha altura. Enfim, acordei! De um sono que não quero mais presenciar.


sábado, 6 de agosto de 2016

O que me resta?

A vida é feita de bons e maus momentos, isso todos nós sabemos! Quando algo esta dando errado esperamos pelos bons momentos, essa é a esperança que nos dar forças para continuar nessa trajetória sem sentido. Aí eu me pergunto, e se aquela parte boa, que realmente vale a pena ser vivida já passou?

Oscilei entre o magnifico e o catastrófico, nesse período vivi intensamente cada instante! Seja ele ruim ou completamente ótimo, digo que aproveitei...Talvez eu mesmo tenha provocado esse desencarrilhamento e hoje procuro retornar com o trem aos trilhos, não questiono isto. Apenas me pergunto, e se aquela parte boa da vida já estiver passado, e agora só me restou dias massantes nos quais me policio para não tentar contra min?

Qual é a ideia de continuar se já passei do ponto em que eu deveria descer, o meu destino agora é ser levado pelo trem até a ultima estação? Nesse trajeto me punir mentalmente por ser incapaz de dar um fim nessa maldita farsa? Mas a pergunta de fato é, e se aquela parte boa da vida já estiver passado?

Se for verdade eu compreendo! Sei onde pequei, sei com quem pequei... A sua falta me consome, porém não posso tê-la outra vez. Não seria justo. Na teoria das cordas você já esta em outra vida, sendo outro alguém, não devo interferir. De certa forma à espero na ultima estação, mesmo sabendo que pegou o trem no sentido contrário, pois eu a tirei do meu vagão.

Como finjo não importar, me arrasto cada dia ignorando o vazio. Lotei a minha agenda de entretenimento, para não mais observar os dias passarem. Sou movido pelo cotidiano, este que não para, por isso não posso parar. Existo vagueando entre um dia e outro com uma patética esperança que tudo seja apenas uma fase, pois fases passam. Mas e se aquela parte boa da vida já estiver passado?

Já escrevi coisas alegres, tristes, desesperadoras, contagiantes, mas hoje só inicio um texto para me ver longe de min, quando olho para dentro não enxergo nada, apenas o nada. Movido pelo automático eu sigo, rumo ao esquecimento, local onde sempre temi estar. Não foi você, nem eu. Não preciso e não devo culpar ou encontrar a culpa. A aceitação é árdua porém necessária.

Não nego que sinto sua falta. Não deveria deixar você partir. Independente da situação não deveria ter me cegado em sua partida. Infeliz! Não movi um músculo para te trazer de volta, nem sei se podia. Quando o tentei já era tarde, os trilhos haviam mudado. Ainda me pergunto e se aquela parte boa da vida já estiver passado?

Minha companheira hoje é a solidão. Já tentei inutilmente ocupar seu lugar, porém sempre falta algo, nunca é você... Estou enlouquecendo na procura de sua copia. Sei que não deveria tentar te encontrar, muito menos em outro alguém. Estou rodeado de pessoas, pessoas boas, mas continuo me sentido solitário em meu trajeto. Além de não a ter ao meu lado, ela também se afastou. Pessoas indo como se fossem momentos... Deveriam ser mais sólidos, caramba!

Não te peço para voltar. Quero que siga e se encontre... Só te peço, não esqueça aquele momento em que valeu a pena ser vivido, não me apague da sua memoria. Sei que já passou, mas continuo me perguntando, e se aquela parte boa da vida já passou, o que me restou?

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Abnormalize (Tradução) Psycho-Pass


Há várias coisas que não posso mostrar a ninguém
Transbordando dentro de minha cabeça.
Rumo a um mundo onde sequer erros existem...
...eu me perco.
As coisas impossíveis estão se misturando
Ao mundo observável que só os olhos podem conhecer.
Então será que posso expô-lo?
Tática plástica.
Ouça, ninguém ficará insano.
Pois você também está neste belo mundo plástico.
Neste mundo absurdamente belo...
Por que será que não consigo ver a luz?
E meu coração que está para se romper
É um reflexo da eternidade
Beijo secreto para você
Beijo secreto para você
Segredo permanece para você
O segredo continua a ser para você
Não exponha as cores falsas e o futuro do mundo de plástico falso
Mantenha o em movimento secreto
Secretos e confinados
Mesmo as coisas visíveis são o meu show falso
Eles são o inverso da verdade
Plástico televisionado
Tudo parece estar normal, certo?
Plástico anormal
É um reflexo infinito do mundo
Que é tudo muito sem emoção
Imagem secreta para você
Imagem secreta para você
Este lugar já é uma ilusão
Cada pessoa e coisa é separada
Dentro do holograma
Corantes tudo na cor da verdade
Segredo feito para você
Segredo continua a ser para você
Nós vamos perceber que se expor tudo
As memórias vão atirar para além do presente
Você começa o movimento secreto
Tudo é transformado de dentro para fora e a ilusão já está no final
Então, eu estou até com medo da verdade
Este é um fenômeno "mundo"
Onde somente as coisas visíveis são reais
Onde falsidades andam de mãos dadas
Refletindo tudo
Coisas que ninguém pode satisfazer
Estão inundando minha mente
Mas se este é o lugar onde eu pertenço
Isso não é o suficiente para mim

Traduzido por : tattypah



sexta-feira, 24 de junho de 2016

O último adeus

Na companhia de familiares e barulho de chuva me encontro em uma espécie de depressão. O amor pela vida se foi, não sei ao certo em que momento isso ocorreu, só sei que este "entusiasmo" não se faz presente. Ficar confinado em casa em consequência dos fatores climáticos é lamentável! Mas não é motivo para se sentir desmotivado com o todo. A falta de brilho nos olhos, aquele ar de esperança, a desmotivação perante a tudo me incomoda! Porém não encontro alternativas para prosseguir... Apenas sinto essa tristeza enorme sem um motivo plausível. Me sinto sufocado, prestes a ser consumido por um abismo sem fim. Na mesma proporção que não encontro saída para este labirinto, não sei como cai aqui. O mundo é estranho quando se ver daqui, nada faz sentido, nada tem graça! Até mesmo desejos carnais se tornaram chulos visto deste angulo. 
Peço perdão a todos que ficam, pela minha incompetência em encontrar tesão nesta jornada na qual ninguém sabe onde vai dar... Não encontro motivos para continuar dando "murros em ponta de faca" uma vez que tudo isso é em vão. Triste realidade dos seres humanos, preferem se iludirem com um "plano maior" do que aceitar a sua insignificância no Universo. E tem a audácia de se julgar superiores perante as outras especies. É, pensando bem em nossa existência à morte parece super atrativa, a vontade de permanecer dormindo invade os meus dias... E Após adquirirmos um certo grau de razão nos damos conta que a frieza anda junto com a primeira.
Se eu pular, será que vão me recolher logo do asfalto gelado, ou irão ficar me olhando e acompanhando à despigmentação de pele dos meus restos mortais, pelo fato de estar chovendo? Como se importasse... São apenas dejetos de mais um em meio a bilhões. 
Será que terei coragem para me lançar pela eternidade? Como o mundo é cinza para min, creio que sim, porém os que ficam não precisam de me ver aos pedaços. E odeio fazer espetáculos, então esta maneira de partir eu descarto!
No entanto, isso não inibe minha vontade de perder o folego (literalmente)... Veneno de rato também descarto, quero morrer e acabar com esse sofrimento silencioso, não torna-lo barulhento.
Só me resta a corda. Nó bem feito, altura considerável, acrescento um haltere de 40kg para não ter a oportunidade de cogitar desistir e me sentir um inútil pior, e pronto, adeus.

Escravo / Agiota do séc. XXI

Venha que preciso te alertar sobre o real motivo de estarmos aqui. Vários vieram antes de mim, e é possível que após Ele me dar cabo, terão ...