sábado, 1 de abril de 2017

Entre o nada e o vazio

    Invejo-me daqueles que tem certeza do que dizem. Esses se firmam em algo, tem crenças, dogmas, e esse pragmatismo já lhes bastam como base para todo o resto. Em contrapartida, não ouso ter convicções. "Piso em ovos" no percurso de minhas palavras, infelizmente não tenho como impermear a interpretação alheia, por vezes me julgam como ofensivo. 

    Já proferir palavras semelhantes a estocadas de faca de dois gumes. Você a de convir comigo que, é necessário o açoite. Tolos! Existem suplicando tais ações. Não canso de me perguntar, nesse mundo repleto por questões, e me surpreendo com a quantidade de conformistas que se embriagam somente com o que lhes chega. Limitadas informações.

     É espantosa, a força que a história tem. Somos influenciados por tempos vividos, por hoje cadáveres, sem que sequer haja um sobrevivente de tais ocasiões. Não coloco em pauta a veracidade das informações, de certo, há empirismo na maioria dos eventos relatados em livros, enciclopédias, e hoje à internet. Do contrário, as informações não se sustentariam até então. 

   Arrisco dizer que um intelectual, somente o é, após parar de seguir cegamente informações de antepassados. Além de Deus e seus seguidores, quem lhes disse que não se podes questionar tudo? É irracional. Não quero subestimar sua inteligência, e sigo adiante. Não existe verdade absoluta! É horrível se sentir um cisco na imensidão desse universo, eu sei e concordo, mas algo que traspassa tal horror é se sentir importante, e fazer com que os outros o faça, visto sua insignificância.

     Costumo dizer que, o homem é um eterno insatisfeito. Como "a sepultura; a madre estéril; a terra que não se farta de água; e o fogo; nunca dizem basta". Creio que Salomão (sim, o rei), conseguiu expressar-se bem ao dizer tal trecho no livro de Provérbios. Essa insatisfação não passa da vã tentativa de tapar a fissura que há em si. 

      Isso tudo é valido para os amantes do saber. Como disse Clarice Lispector: "Afinal, ser feliz para quê?", o mesmo vale ao saber, afinal saber para quê? Qual é o proposito de adquirir conhecimento nesse mundo, onde tudo é vão? E devido a essa ingratidão que ouso, mais uma vez, dizer que a existência humana - à vida - é triste! No fim, não passamos de seres amedrontados, que se firmam em dizeres antigos para dar continuidade a essa raça, que inevitavelmente, se arrasta ao esquecimento.

    É... Certezas não temos, nem mesmo se de fato existimos, ou somos apenas personagens de qualquer ficção, na mente doentia de algum ser. No entanto, contradigo a parte das informações, história e o saber. Peço que em quanto consciente de si, adquira sim, alguns atributos memoráveis de nossa espécie. Só não seja tão fiel à eles, a ponto de não evoluir. Pois, toda informação acessível, com uma ousada ambição de se tornar conhecimento, é inútil. "O homem só aprende a morte e o silêncio"- Antônio Abujamra.

Escravo / Agiota do séc. XXI

Venha que preciso te alertar sobre o real motivo de estarmos aqui. Vários vieram antes de mim, e é possível que após Ele me dar cabo, terão ...