quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Deuses e seus prazeres

Dei a ela passe livre enquanto sozinha. Trato-a como rainha, a unica desnuda de seus julgamentos e lamúrias atuais. Vou contar um segredinho para que à entenda, e vê se após retirado esse teu vél de cegueira, não mais se perca em julgamentos pré-conceituosos, contemple sua ignorância, abstenha-se em sua insignificância e não mais a chame de rameira. Afinal das contas, a criei para estar comigo, emprestei-a para que alegre seu mundinho enfadonho, de sonhos.


Ela percebe os olhares maldosos à despindo, em cada esquina que dobra tem mais lobos famintos, nem se quer precisam sentir o cheiro do sexo feminino. Na mira de sujeitos sujos ela queima, como um pecador em frente ao próprio Lucifer após o julgamento. Ocasião diferenciada pela pele vermelha e a quentura em todo o seu ser, desencadeando uma pressão em sua vagina, salientando sua sensualidade, seu lado promíscua.



Umidecida, corpo quente, pensamentos inquietos, uma vontade enorme de se esfregar, queria ao menos tocar o inchaço que causam os olhos esbrugalhados. O "v" entre suas pernas clamam por uma atenção,  de novo se perde na escadaria do prédio, apoiando à porta com o pé, os sentidos aguçados tanto para cima quanto para baixo, já imaginou se alguém à pega nesse "mal hábito"? Quando pensa na possibilidade, fricciona os dedos sob o clitóris, até que a respiração fique entrecortada. Após o êxtase, se recompõe e retorna ao escritório, com o mesmo ar de recatada.



Ocorrência corriqueira mesmo em dias de modes. Lembro daquela vez que o ferro gélido da carteira (aquelas de faculdade) a fez pensar bobagem, estava no vermelho, mas não fora covarde. Convidou um carinha das aulas de enfermagem, surrupiou algumas camisinhas de sua mãe, dentro do estojo de maquiagem e  urrou de prazer quando Erick invadiu suas entranhas, no quartinho onde o zelador deixava os apetrechos da jardinagem.



A chama oriunda de seu sexo a deixa descontrolada, invoca sua querência de ser tocada. Não quer ser amada; Quer ser pegada, penetrada, arrastada, entortada, chupada, arremessada, devastada, invadida, deflorada. Não pensa em outra coisa  a não ser em reencontrar seu macho que tão e somente consegue fazê-la sentir-se devorada.



As cantadinhas baratas, os comentários obscenos, os assobios, os olhares  indiscretos, faz seu sexo arder de desejo, não demonstra no momento, mas se acaba no chuveiro quando lembra desde o porteiro ao arquiteto. Quando na frente do seu homem, insinuosa deixa-o sentir o seu líquido que escorre entre as pernas, força sua cabeça para que à chupe sem pressa.



A necessidade dela vai além de ser desejada. Não quer que estranhos percebam que se assanha, sedenta por "vara". No fundo seria interessante se pudesse transmitir isso vez ou outra;



Sussurra:

"- Há... O pai da Angélica, o irmão da Samantha, o esposo da Renata ou talvez o sogro daquela tatuada da rua 9... Ah, lembrei! Marta, minha boceta pisca quando lembro o que me contara sua empregada..."


Em fim, por vezes, se sente depravada. Onde é que já se viu, uma mulher no apogeu de seus quarenta não controlar sua mente devassa, mesmo após diversos se lambuzarem entre suas pernas arreganhadas/ensopada. Morde o canto da boca quando presencia veias saltadas em homens avulsos na rua, se sente nua, porque não consegue disfarçar a cara de tarada quando pulsa sua vulva. Vai a loucura ao imaginar mãos grandes batendo em sua bunda, tem que arder para que tenha de olhar para trás e pedir: que faça, mas faça com brandura. Em meios a choramingos e mordidas no travesseiro, pede mais força enquanto agarra o lençol entre os dedos.



Em tempos atrás iria ser tratada como a 'Geni do Zepelim Prateado', porém,  ela se destaca por saber fazer tudo na intimidade de um quarto. Sabe quando e onde escolher alguém que a possa preenchê-la, fazê-la sentir-se "trêbeda", sabe bem qual o homem capaz de fazê-la. E mesmo hoje, Era do silício, após inúmeros parceiros carnais, com um único objetivo, sem preocupar-se com compromissos, acorda primeiro e sai de fininho na madrugada, sem deixar números, recados, endereços. Somente homens confusos, estupefatos por ter sido lesados, caídos em seus costumeiros absurdos.



Quando a criei não lembro de tê-la dado doses extras de desejo, ela me surpreende com  tanto ensejo. Criei desde aquela singular criatura que dias e noites (como forma de castigo) açoita  almas de extintas pessoas que não souberam desfrutar-se da dádiva que lhes foram dadas - morreram sem ser arrebatadas pelo tão e formoso ego, o fogo que reprimiram em vida hoje as queimam o entorno. Também feita por mim, está a quarentona que acabo de apresentar seus feitos. Erroneamente pensam que eu a repreenderia, ela está certa de gozar da vida com tanta alegria, luxuria é um presente de quando ela era divina, minha eterna e desejosa Lilith, minha rainha noturna, o que vocês chamam de safada eu chamo de amante. Só fez o que fez porque eu não estava entre vocês, mortais suplicantes.

Escravo / Agiota do séc. XXI

Venha que preciso te alertar sobre o real motivo de estarmos aqui. Vários vieram antes de mim, e é possível que após Ele me dar cabo, terão ...