domingo, 15 de janeiro de 2017

Devaneios, sinas e loucuras

Deserto. Incerto. Retrospecto. Sensação amena que me trás ao desespero inaudível, desse sábado opaco. Ver o sofrimento de quem realmente sofre, me faz sentir que a minha dor é frescura. Que minha amargura é sem causa. Que toda angustia alojada em meu peito é capricho. Me faz querer pegar aquela arma, colocar apenas uma munição na câmara, e ouvir o ferrolho projetar o percussor no traseiro desse projétil, ao passo que arregalo os olhos e deixo o corpo ir de encontro ao chão.


Agonia. Irritabilidade. Injuria. Sensações que me trás sua pirraça. Atina em mim uma vontade insana de te mostrar motivos para chorar. Um real motivo para sofrer. Não suporto seu choro, suas caras e bocas, e seu olhar de piedade por motivos frívolos. Me faz querer te fazer arrepiar, quando a lamina gélida e afiada da minha faca entrar em contato com sua pele sedenta.



Odeio quando te mostro algo significativo para mim, no intuito de te trazer para mais perto do meu mundo, e você simplesmente não da a importância devida. Não que seja obrigada, mas me irrita o descaso. Aguardo um comentário a respeito e recebo um silêncio, ou pior, um assunto fútil para o momento. Faz com que eu queira te levar ao alto daquele prédio, e ouvir o suspiro que soltará ao não conseguir agarrar em algo sólido, espatifando no asfalto, antes de uma linda BMW 320i deixar a marca do seu pneu em sua face.



Me corta o peito, te ver com os olhos cheio de água. Você ficaria linda chorando, se não fosse pela nuvem de tristeza nesse quarto. Parece um elefante abarrotando nosso ar, uma aflição se inicia quando você diz que está de partida. Quero tirar essa dor do seu olhar, do seu estar. Você costuma insinuar que não gosta de sofrer, e eu vou atender o seu querer. Uma honrosa e respeitosa morte, rápida e limpa.



Sexo. Fascínio. Loucura. Me trazem de volta a chama nos olhos. Quase sinto que devo existir para tal feito. Aperto seu pescoço, tapas em todo espaço saliente, mordidas em toda parte, te deixo com hematomas e um sorriso nos lábios. Em seguida, alcanço a faca na cabeceira da cama e o metal lhe deixa excitada, mas não tanto quanto a mim. E ver o fio da vida partindo e a interrogação em seus olhos é o que alimenta minha sina, quando liberto em meu cérebro a oxitocina.


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