sábado, 6 de março de 2021

Café com leite

O embrulho no estômago, as borboletas que hora o outra me sobem a garganta, a torrente de pensamentos onde no fim de todo labirinto ainda me pego pensando. A pupila delata e a boca salivando como um predador nos arranjos teatrais para capturar sua presa, é que gosto metálico de sangue me é bem quisto.

O café mineiro novamente somado ao leite de SP, e nem estamos mais na era dos coronéis. Dos pés aos olhos e esse sorriso na boca, a voz rouca, as paredes que confidenciam os sussurros e gemidos além de nossas juras febris. Não se iluda com contexto histórico ou político, o tempo não regride e aqui a história é outra, e eu já lhe deixei pistas o suficiente para entender do que se trata.

Eu me acho incrível quando me olha, pois quando faz parece me enxergar além do que eu vejo. Aquele clichê do "me faz querer ser melhor" já quase posso entender. Ela sorri e acalma todos os meus demônios. E na calmaria da superfície que antes secretava a inquietude das profundezas, contemplo meu reflexo risonho, mas não por estética pois disso aí morreu Narciso.

As fissuras nas frestas antes denunciavam a imperfeição, agora começaram a ranger e se apertam invejosos. Os céus, as estrelas exuberantes que ontem dançavam com Bethoveen ao som da 5° sinfonia, hoje me basta ouvir 'Amor e fé' descendo a serra, iluminado por minha lua.

A incerteza ainda existe mas agora tem nome, o tempo inteiro estou faminto. A cada caça, a cada cervo, aprendo que não são punhaladas vãs, isso é só o enredo, pois ainda tenho fome. Incisão cirúrgica e acabou a agonia, uma lâmina e chega o fim do tormento, quando e se necessário me abstenho.

Quando acordado eu sonho em te possuir, quando dormindo sorriso ao sono. Ela fala coisas em meus ouvidos que abafa as outras vozes, até os dizeres mais ardentes me convidando a fantasiar crimes hediondos... Como já dito, só Chopin e ela conseguem acalmar meus demônios.

Estamos nos embreando para uma floresta densa, negra e desconhecida onde só um de nós conhece a trilha. O desejo latente suprido de forma diferente, no meio do nada ninguém me interrompe. Já disse - tenho fome. Então se deite porque você será meu banquete.

A confusão é você quem cria. Se atenha a real intensão dessas linhas! 'Inédita Pamonha' é o bastante para fazer menção ao autor da frase a seguir: "A felicidade é a pretensão ilusória de converter um instante de alegria em eternidade". Hoje me torno hipócrita e retiro as críticas de tais sonhadores dos quais tornei parte.


2 comentários:

  1. Enquanto uns se deliciam outros choram

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  2. Infelizmente querida, a vida é feita disso. Para que uns tenham, tantos outros perecem na pobreza... Mas te dizer algo valioso que aprendi em minha caminhada, que talvez possa fazer sentido para você - precisamos praticar a gratidão, abundância e o bem-estar (físico e mental), que daí, independentemente do seu credo, o Universo irá ajustar as coisas assim que possível. A pior pobreza é a de espirito! Estive muito tempo da minha vida nessa condição, até dar um basta e seguir em frente, ou seja, "continue a nadar...".

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