Alguém perguntou por qual motivo escrevo
Não sei ao certo, apenas invento
Não contento com esse mundo perfeito, então crio
Nem criei, já existia, estava largado aqui dentro
Sei que sai em forma de tormento, é o que tenho
Não me culpe, está aqui dentro
Minha cabeça parece estar ao relento
Algo incessante, algumas vezes violento
A invenção é onde o criador se molda
Olha para dentro de si, se renova
Mas fica difícil quando nada lhe transborda
Quando a paixão é ou está morta
Palavras sofrem uma alquimia na mente
Quando lê, pensam que me entendem
Como se eu estivesse transparente
Mas posso cansar nesse teclado, não é evidente
Ter tanto a dizer e não saber por quê
Ter tanto para falar e não é possível se expressar
Ter tanto entalado, faz tempo que estou engasgado
Ter vocês, será que não enxergam o anjo triste do meu lado?
Não importa o que crie, sempre me sinto irado
Nunca tem ninguém do lado
Aquelas pessoas que me amam nunca irão entender o que falo
Me entender, não consigo ser claro, é uma espécie de fardo
Sempre dizem coitados
Infelizmente esperam o ato, um novo texto, a nova cena, um recado
Sempre gritei: "tem um abismo no meu próximo passo!"
Custam entender! Tu não lera os de baixo?
Aí me perguntam o porquê escrevo
Escrevo porque me atrevo
Já falei, berrei, chorei, mostrei
Os textos sempre foram avisos, uma prévia do resultado
Alguém perguntou por qual motivo escrevo
Não sei ao certo, apenas invento
Não contento com esse mundo perfeito, então crio
Nem criei, já existia, estava largado aqui dentro, ensopado do sereno
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