sábado, 20 de junho de 2020

Só o que peço

Me retirei para ler um pouco poderia dizer 'ler pouco' esta seria a exatidão de minha vergonhosa leitura, jogar xadrez ainda faço as vezes, compreender meu novo eu ainda desejoso de não sê-lo, desnorteado e irritado com o desemprego empenhado como alpinista ao subir uma montanha porém faço agarrado ao hipocampo temeroso de me tornar insano, e ao contemplar o iniciar de minha única querida obra, leia querida de forma ampla é que me expresso a seguir:

Nada mais me espanta. Do que adianta lastimar para o Universo vazio, ou para qualquer um deles. O marco zero dessa trama será, foi e é o mesmo. Se há algo regente dessas cordas, não creio que se importe, de praxe vemos o emaranhado diante o gato, e esse "tapado" nem se quer se dá ao trabalho de desenrolar. Como meus pensamentos, não são para que entendas, a menos que o seja.

Tive que me afastar de alguém. Tive que viver aquém.
Tive que privar me de ser.
Tive que me acostumar com a falta de você.
Tive que esperar.
Tive que espantar o azar.
Estou tendo que sofrer, os dois amores não podem viver. Azar!
Tive que te ver dizer, dizeres de desprazer (é, ver... Hoje, 75% das informações que adquirimos é através de mensagem seja qual for sua via de acesso)
Tive que deixar você ir, sem saber se irei voltar a te ver/ter. Sonho em lhe ter.

De volta a arte, te vejo por toda parte. Picos e vales são reais! O tempo passado nos picos irreais, como pode passar tão depressa esses desleais? Sei que se lembrará de mim, mesmo que indigesta, você disse coisas nas quais não queria ter parte, em partes te entendo, em partes me estendo pensando naquele tempo, mesmo o seguinte que passou por um breve tempo.

Escrevo na esperança que leia, nas esperança que ainda me leia. Não me deixa aproximar, sei que, por enquanto, é melhor deixar estar, por isso não me atrevi te procurar. Contudo, vem a calhar lhe escrever para te lembrar o que te fiz passar, seja agora ou na biblioteca, após estudar.

Escrevi este ao som de Chopin, deve ser o sexto concerto dele que escuto copiosamente, inerte, nem para digitar ele se mexe... Não parece respirar... Tomo em mãos e tiro-lhe a temperatura ou um pulso... Ele está surdo, inerte, que horror, que absurdo... Seguro em meus braços este cão cansado, amargurado e chapado. Remédios e etanol, de novo, dançando Chopin debaixo dos lençóis. Por mil rouxinóis, me perdoe pequena.

Não publicara antes pois estava incompleto, e ainda sonho em lhe ver de perto mesmo estando longe, ilhado ou no deserto. Me retirei para aprender, para ver a obra que pari. Xadrez? Ainda pratico-o, hoje é meu velho vício. Desnorteado, chateado, irritado e mal-humorado, mas agora tenho novas, estou empregado. Como percebe ainda escrevo e desejo que me leia, me veja através da tela, dançando em um trampolim. Não tem água na piscina, mas toca Chopin e eu danço mesmo assim. A montanha agora é de lamentos murmúrios, me sinto sujo pois quase não leio quanto antes. Mas minha obra quer ser lida, linda, ditosa assim.

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