Como
de praxe, faço desse o meu momento de contradizer meus textos
anteriores. Não te espantes, tranquilo, calmate, não
me converti ao grupo dos amantes de la vida. Não
irei começar com toda aquela baboseira de dizer que coloquei os pés
nas águas alegres. Na verdade, quase posso afirmar que estou
longe disso, talvez, mais distante do que nunca.
Outra
vez o impaciente dia empurra à noite ao passado e eu em claro,
dedilhando nesse teclado. Não tem como esperar coisa diferente dos
domingos. Vocês já sabem do meu bendito histórico com esses
nomeados primeiros dias das semanas. Há aqueles em que pode-se
passar sem que as paredes lhe surgem por entre as frestas, mas são
demasiados raros.
Em
singular, a esta maldita hora, mesmo que aos suspiros ainda é noite.
Tenho a impressão que Morrissey, assim como eu, só compunha suas
lamúrias em noites de domingos. É palpável sua angustia, assim
como à sua, sofrentes simpatizantes de meus dizeres.
Adoraria
poder dizer que no
passa nada ou
que la
vida no és una putada, se me
atrevo, a cadela seria eu. Melhor esteve Johnny Marr e Morrissey
recordando ao compor 'Last
Night I Dreamt That Somebody Loved Me',
ao menos sonhara que fora amado, apesar que o momento ilusório está
no passado, o que me faz questionar sua veracidade.
O
contraponto vem agora, dada à introdução. Descobri onde está à
felicidade! Antes que me trate com um asno suplico que compreenda meu
pensar. Ela sempre esteve e sempre estará no mesmo lugar, você que
está em constante mudança e só se dá conta quando não está com
ela.
Ousarei
ignorar os ensinamentos daquele filósofo que além de compartilhar o
mesmo nome com Nietzsche, fora influenciado por suas ideias. Terei de
fingir crer na existência do passado e de um futuro para lhe contar
onde está à tal felicidade. Talvez você não seja fã de
filosofia, mas presumo que seja notório a citação à Hegel.
Eu
disse que não havia me convertido aos simpatizantes da vida. Esta
continua sendo uma vaca (para citar outro animal). Espero ter sido
perceptível a ironia quando descartei o que nos faz pensar Hegel. E
se não compreendeu onde encontrei a felicidade, dessa vez serei
bonzinho e lhe apontarei o passado.
Enquanto
escuto I know It's Over - The Smiths, pensando sobre à vida,
refletindo sobre a existência de algo além do presente, quase
gemendo como na musica, percebi que à felicidade nunca habita o
agora. Só à enxergamos quando olhamos para trás e percebemos que
"eramos felizes e não sabíamos", até que o futuro dá
lugar a um amargo presente. Só assim para deslumbrar o meu ser
feliz. No passado, no nada, ou no vazio do futuro.