A necessidade de escrever, a inspiração e o interlocutor sempre se confrontam. Reflexões, conclusões e a desconstrução de paradigmas são comuns aos Sapiens Sapiens. Tempo vergonhoso ou talvez preocupante para admitir minha participação e contribuição à espécie. Basta observar o rumo de nossas conquistas e avanços, equiparados aos desacertos e regressos que experiências a cada ano, daí tentar calcular os numerosos benefícios ou danos para gente enquanto espécie. Há otimistas, em suas linhas positivistas, que encontrarão incontáveis motivos para continuar... Embora reconheça e semeie que devemos adotar meios "já conhecidos" e menos nocivos a natureza e a nós mesmos. No entanto, detestam a ideia de um Cosmos sem humanos e acredita que ainda podemos tomar jeito. Na outra ponta do espectro, pessimistas, onde o caos evidente está sempre em foco. O ser humano é a raiz de todo o mal existente, e suas pouquíssimas boas ações ou estão nas costas de outras horrendas, ou tem enrustido um mal por vir. Avanços e conquistas? Meros frutos do ego - seja "centrismo" ou "ismo". E claro, existe o meio desta balança. Pessoas amenas, medíocres e que não tem cheiro nem cor. Preocupados com trivialidades cotidianas resolvem não perder tempo com as causas maiores, esquecem que deixar de escolher é também um ato de escolha. São pessoas sem graça, só querem levar suas vidinhas medianas. O governo só existe para estas quando interferem no futebol, carnaval e outros eventos tão fugazes quanto, ou quando é cortado (algo inadmissível) alguma esmola governamentais, restringir algum "direito", proibir algo que seja frequentemente utilizado como fuga do real. Daria para listar tantos outros, mas daí cairia na ideia relatada no romance 'Turtles All The Way Down', os porquês e origens nunca tem fins ou um fundo sólido... "O que tem debaixo do elefante? - Uma tartaruga imensa. - E essa tartaruga está em cima de quê? - Em cima do casco de outra tartaruga ainda maior..." Ou seja, tudo não passa de uma epistemologia. Desceu do ônibus agora?! Então, seja bem vindo ao século XXI, Era de narcisos, depressivos, egoístas, influencers, regidos por títulos, inteligentinhos dentro de suas bolhas sociais, Era do cancelamento e seus discursos: "Cancela! Cancela! Cancela! Mas só do outro lado hein time. Cuidado! Se escondam bem, não os deixe enxergar nosso telhado de vidro." Tempo em que a distribuição de cotas no âmbito social é o discurso de elitistas burgueses para serem cool, ou quando a frase "eu tenho um amigo preto" os transformam em humanos politicamente corretos arrotando e cagando regras. O antropocentrismo ainda é o ápice de nossa crença, só não dá para afirmar que seja algo benéfico, ao menos antes tínhamos as divindades para tirar o peso do nosso preconceito do colo. Podíamos ser mais sinceros, a culpa não era nossa... Os deuses sabiam dos porquês das coisas. O amiguinho (a) gosta de alguém do mesmo sexo? Se identifica e se adorna de acessórios e trejeitos que até então era usado somente pelos sexo biológico oposto? Tem hoje a liberdade de escolher seu gênero? A mulher ganhou notoriedade aqui e superioridade acolá diante a sociedade? Está ganhando espaço e voz? A mulher negra passou a militar mais para que o holofote também a ilumine? Já se perguntou o porquê dessa luta diária contra as supremacias, tantas outras perguntas? É o curso da história meu amigo (a), estamos na Era da Informação e só não apreende, conscientiza e se desconstrói todos os dias quem não quer. É a história sendo escrita, você pode fazer parte ou existir como um mero número na estatística. Inacreditável é que a maioria não quer, é preferível se entorpecer com qualquer merda do que despertar sua consciência, em todos sentidos da palavra. Mas se for para existir às custas dos outros, de características alheias, então se abstenha e nos poupe seus pré-conceitos estereotipados. Sempre me senti enfurecido por perceber a matrix em que vivemos. Ter ciência que estamos alienados e condicionados, coisa que nos fazem produzir comportamentos contraditórios à nossa essência, como o simples fato de procurarmos por entretenimento o tempo todo, ou nos entulhar de tarefas. Até então entendia isso como uma forma de fugir de nossa insignificância e do vazio que compartilhamos, e você como meu leitor conseguirá lembrar de várias vezes em que bradei aos quatro cantos (puto) por parecer estar sozinho ou entre poucos que conseguem enxergar e admitir tal fato. Porém hoje, através de um TV show e estudos a uma linha filosófica relacionada, deveras interessante, consegui entender do que de fato escondemos e gostaria de compartilhar e dialogar contigo, se tiver interesse. Estamos sempre nos ocupando, nos posicionando e nos transformando ao longo da vida, mudando de ideias, tentando desconstruir os dogmas e paradigmas que nos foram impressos até nossa fase de entendimento e com um único intuito que é nos distanciarmos do fato que tudo em nosso mundo surge e desaparece, o que inclui também os humanos. Tentamos tirar da cabeça, a todo instante que iremos morrer, assim como nossos entes queridos, além de todo o resto existente hoje, logo não estarão mais aqui. Teríamos de passar toda nossa infância, nosso período de absolvição, junto aos Estoicos ou Nietzsche e seus ensinamentos sobre o 'amor fati' para que fosse algo diferente disso. Digo, para que aprendêssemos a conviver, pois não há conhecimento, religião, filosofia, ideologia no mundo que mudará o fato que estamos fadados a perecer e cair nos esquecimento. E se analisarmos a métrica de nossa existência iremos, a contra gosto, perceber que cada um de nós somos como as estrelas: nascemos e morremos, e por mais intenso que tenha sido esse período, foi breve, um sopro, comparado a escala do tempo. Outra similaridade é que a maioria de nós só teremos nosso brilho contemplado após não mais existirmos, essa que talvez seja a única forma de protelar por mais alguns débeis anos a tua luz. O que nos leva a conclusão que precisamos ser mais realistas. Procurar enxergar nossa condição diante a realidade e aprender todos os dias a encarar a vida como ela é. Meu conselho é medite e aceite, se aceite, como parte do Universo infinito rumo ao abismo do nada. Pois o destino está logo ali: escuro, gelado e vazio. Faça esse exercício, seja sincero consigo, pode ser que te ajude a conseguir uma conexão com seu presente. Creio que era o que os propagandistas do termo 'Carpe Diem' queriam dizer quando lhe diziam que você só tem o agora, que só isso é o que existe e importa. A contemporaneidade e o valor pop do termo foi distorcido, e aquelas pessoas mornas o tendo destoado adotam para argumentar e explicar o porquê de terem hábitos tão fúteis. Um jeito indecente de permear sua ignorância, ou covardia por não ser capaz de enfrentar a realidade nua e crua. Digo isso açoitando as minhas próprias costas, recordando de um passado recente. Não tenho vergonha alguma, afinal me contradigo porque sou vasto.